28 de mai. de 2011

Anna Pavlova

"Execute o último compasso bem suave" essas foram as últimas palavras de Pavlova, falecida em 1931 e consagrada por ser o cisne mais gracioso que o ballet "Lago dos cisnes" jamais viu. 


Pavlova sem dúvida é um exemplo de talento aplicado na dedicação à dança: ingressou aos dez anos na escola Russa de ballet e desde então foi lapidada pelos melhores mestres. Na verdade, pode-se dizer também que Pavlova aperfeiçoou seus mestres ao passo que eles a aperfeiçoavam porque, antes de Pavlova, a imagem corporal de uma bailarina clássica eram membros compactos e musculosos para que fossem capazes de executar os movimentos que o ballet exigia. Entretanto, com sua simpatia e graça, ela transformou esse ideal em passado e todos começaram a ingressar numa nova forma de ver a execução do ballet: passos suaves e de energia bem distribuida, de modo que permitisse à bailarina transpor seus sentimentos ao público.

Contudo, muito preocupados com a perfeita execução dos movimentos e não muito interessados em sentimentos, alguns críticos russos reprovaram seus métodos. Felizmente tais críticos não foram a maioria e, surpreendendo a todos, Pavlova logo conquistou uma multidão de fãs que se estendiam muito além da Rússia, inspirando renomadas academias de ballet da França e Alemanha.



Hoje, 80 anos após sua morte, permito-me dizer que seu legado foi conquistado com muito sacrifício, superando todos os obstáculos que poderiam impedi-la de alcançar a perfeição na dança. Porém, Pavlova não apenas superou os obstáculos, como também encontrou força necessária para dançar graciosamente sobre as dificuldades e, como se não bastasse, transmitir sua paixão incondicional pela dança para todas as gerações futuras.

Portanto, como bailarina e como pessoa, só posso dizer: Obrigada por viver, Anna Pavlova. 


22 de mai. de 2011

Carta Solitária


Eu já sei que não consigo cuidar de mim sozinha. O que posso fazer? Quando está perto, não me sinto em perigo nem mesmo quando ele - o perigo- é inevitável.

Hoje sobrevivi a um ataque que investi contra mim mesma, tudo porque quis provar algo desnecessário: aquilo que não nos mata, nos fortalece. Entretanto esqueci da parte que ninguém comenta: o que não nos mata, nos machuca muito antes de sarar e, enfim, fortalecer.

Mas enfim sarou.
Enfim estou mais forte.

Contudo, poder dizer que sou mais forte não me possibilita dizer também mais feliz porque ainda assim, ainda depois de tudo, preciso de você.


7 de mai. de 2011

Breve história de uma vida

Tudo começou numa praça. Neste caso, "tudo" quer dizer a minha vida e as coisas que nela estão contidas: desde o ar que respiro até os pensamentos vagantes que costumo ter. 

Como eu estava dizendo... Tudo começou numa praça. Era uma praça comum, na época pouco mais movimentada do que é hoje, mas ainda a mesma praça. Eu tinha 13 anos e não pensava em namorados, talvez por isso tenha sido tão difícil reconhecer o que eu senti quando você veio em minha direção para falar com amigos seus que, felizmente, também eram amigos meus. 

Ocasionalmente conversamos, ambos com uma sensação quente e estranha na garganta. Eu o abracei como se isso fosse a coisa mais natural do universo - no momento, para mim, era - e na minha cabeça eu estava conhecendo um amigo cujos olhos pacíficos inundavam minha alma de felicidade. Mas você organizou o fato de ter me conhecido muito mais rápido que eu e logo soube que eu era a sua amada. Aquela cuja sombra você procurou por todos os cantos da sua alma até então sombria. Mas nada disso foi, de algum modo, verbalizado. Foram algumas horas de conversa, risos e, apesar da noite parecer calma, algo ali estava acontecendo; alguma coisa bem maior e mais forte que qualquer encontro casual entre amigos. 

A noite mágica acabou e logo pela manhã as perguntas começaram: Será que vou revê-lo? Será que vou estar novamente com aqueles olhos pacíficos? Na noite anterior estava tudo tão perfeito que não nos preocupamos em trocar número de telefone. Parecia que, por mais que fôssemos dormir em lugares diferentes, estaríamos juntos para sempre. E estávamos certos, mesmo assim você se adiantou ao próximo encontro e iniciou uma fase da nossa vida que eu gostaria de chamar de "mistérios por mensagens".

Você queria dizer que me amava, mas teve medo da rejeição e encontrou a forma mais romântica de, pouco a pouco, me contar isso. Tudo começou com mensagens no celular da minha prima. Neste caso, "tudo" refere-se a fase de mistérios. E então tive acesso às mensagens, às declarações diárias, pouco a pouco conheci suas inseguranças, seus sentimentos. Pouco a pouco fui descobrindo o véu que o cobria, o véu negro da insegurança de entregar sua alma para mim. Na medida em que você se declarava, eu aprendia a lidar com meu sentimento e estava cada vez mais próxima de entender que era amor o que eu sentia por você.  

E assim passou 1 ano. Eu sabia que você me amava e você não sabia o que eu sentia por você, até porque na verdade nem eu sabia. Era forte demais para eu compreender assim tão fácil. Eu estava com 14 anos e você com 19. Éramos tão jovens que tivemos que lidar com muitas coisas novas juntos, muitos sentimentos até então estranhos: saudade, ciúme, dor, solidão e o mais estranho de todos - o amor. 


Quando eu completei 15 anos, numa tarde chuvosa e fria, você me pediu em namoro. Já estava claro para mim que não daria mais para viver sem você. Estávamos em baixo das nossas árvores - lugar que costumávamos nos encontrar todas as tardes de domingo. As gotas de chuva deslizavam suavemente das folhas e atingiam nossas vestes, ainda lembro do cheiro da chuva naquele ambiente e você, molhado e tremendo de frio, pedindo-me para estar ao seu lado. A minha resposta foi um feliz "sim" acompanhado de um beijo quente que nos encheu de vida.

A partir de então, trocamos muitas cartas, cadernos inteiros escritos à mão, verdadeiros diários para compensar os dias que não nos víamos. A saudade era cada dia maior, o desejo de estar perto para fazer novas descobertas, já que esse novo mundo se mostrava para nós tão intensamente cheio de surpresas e experiências para conhecer. 



Vivemos muito. 
Vivemos juntos.

Nossa vida foi construída e regada com muita música e poesia, lembro-me das manhãs na escola de música, nos ensaios da  nossa banda que sempre significou tanto para nós. Também lembro-me das tardes de filosofia: você me ensinando tantas coisas sobre tudo. Sobre o mundo. Fui aprendendo a ser eu... E hoje é engraçado lembrar disso porque agora faz muito sentido o fato de você me conhecer até mais que eu mesma!

E eu te amava cada vez mais: amava sua imagem me esperando na rua escura, amava seu cabelo crescendo a cada dia, amava imensamente seus olhos pacíficos, amava sua falta de jeito ao me entregar um presente de aniversário ou de namoro, amava ouvir sua voz ao telefone em todas as madrugadas, amava sair da escola e voltar para casa ao seu lado, amava simplesmente caminhar e jogar conversa fora, amava aquele aperto de mão que só você sabe fazer, amava as minhas lembanças, amava seu nome e amava muito você. 

E todo esse amor apenas cresceu, hoje temos tantas histórias juntos que jamais eu conseguiria contá-las aqui; mas tenha certeza de que eu lembro de cada momento que passei ao seu lado e cada palavra que já pronunciou para mim está gravada em minha memória. 


Hoje completamos 7 anos juntos. 
E isso é apenas o começo. 

Eu te amo, Alberth Moreira. 


6 de mai. de 2011

Quinta

 Não entendo muitas coisas, principalmente quando essas coisas envolvem outras que a metade das pessoas do mundo também não entendem e a outra metade acha que entende algo, mas na verdade também não sabe de nada. 

 Não entendo, por exemplo, como alguém pode conviver com a morte de alguém que ama. 
Eu não amava o Brunno, não amava o George, não amava meus dois hamsters e nem a mãe deles. Mas todos eles morreram recentemente e dói pensar em todos. Como será quando eu tiver que enfrentar isso tudo de verdade? Não entendo....

Certa vez, disse Clarice Lispector

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."


#Dica Desconexa: Assistam 'O fabuloso destino de Amelie Poulain.'

28 de mai. de 2011

Anna Pavlova

"Execute o último compasso bem suave" essas foram as últimas palavras de Pavlova, falecida em 1931 e consagrada por ser o cisne mais gracioso que o ballet "Lago dos cisnes" jamais viu. 


Pavlova sem dúvida é um exemplo de talento aplicado na dedicação à dança: ingressou aos dez anos na escola Russa de ballet e desde então foi lapidada pelos melhores mestres. Na verdade, pode-se dizer também que Pavlova aperfeiçoou seus mestres ao passo que eles a aperfeiçoavam porque, antes de Pavlova, a imagem corporal de uma bailarina clássica eram membros compactos e musculosos para que fossem capazes de executar os movimentos que o ballet exigia. Entretanto, com sua simpatia e graça, ela transformou esse ideal em passado e todos começaram a ingressar numa nova forma de ver a execução do ballet: passos suaves e de energia bem distribuida, de modo que permitisse à bailarina transpor seus sentimentos ao público.

Contudo, muito preocupados com a perfeita execução dos movimentos e não muito interessados em sentimentos, alguns críticos russos reprovaram seus métodos. Felizmente tais críticos não foram a maioria e, surpreendendo a todos, Pavlova logo conquistou uma multidão de fãs que se estendiam muito além da Rússia, inspirando renomadas academias de ballet da França e Alemanha.



Hoje, 80 anos após sua morte, permito-me dizer que seu legado foi conquistado com muito sacrifício, superando todos os obstáculos que poderiam impedi-la de alcançar a perfeição na dança. Porém, Pavlova não apenas superou os obstáculos, como também encontrou força necessária para dançar graciosamente sobre as dificuldades e, como se não bastasse, transmitir sua paixão incondicional pela dança para todas as gerações futuras.

Portanto, como bailarina e como pessoa, só posso dizer: Obrigada por viver, Anna Pavlova. 


22 de mai. de 2011

Carta Solitária


Eu já sei que não consigo cuidar de mim sozinha. O que posso fazer? Quando está perto, não me sinto em perigo nem mesmo quando ele - o perigo- é inevitável.

Hoje sobrevivi a um ataque que investi contra mim mesma, tudo porque quis provar algo desnecessário: aquilo que não nos mata, nos fortalece. Entretanto esqueci da parte que ninguém comenta: o que não nos mata, nos machuca muito antes de sarar e, enfim, fortalecer.

Mas enfim sarou.
Enfim estou mais forte.

Contudo, poder dizer que sou mais forte não me possibilita dizer também mais feliz porque ainda assim, ainda depois de tudo, preciso de você.


7 de mai. de 2011

Breve história de uma vida

Tudo começou numa praça. Neste caso, "tudo" quer dizer a minha vida e as coisas que nela estão contidas: desde o ar que respiro até os pensamentos vagantes que costumo ter. 

Como eu estava dizendo... Tudo começou numa praça. Era uma praça comum, na época pouco mais movimentada do que é hoje, mas ainda a mesma praça. Eu tinha 13 anos e não pensava em namorados, talvez por isso tenha sido tão difícil reconhecer o que eu senti quando você veio em minha direção para falar com amigos seus que, felizmente, também eram amigos meus. 

Ocasionalmente conversamos, ambos com uma sensação quente e estranha na garganta. Eu o abracei como se isso fosse a coisa mais natural do universo - no momento, para mim, era - e na minha cabeça eu estava conhecendo um amigo cujos olhos pacíficos inundavam minha alma de felicidade. Mas você organizou o fato de ter me conhecido muito mais rápido que eu e logo soube que eu era a sua amada. Aquela cuja sombra você procurou por todos os cantos da sua alma até então sombria. Mas nada disso foi, de algum modo, verbalizado. Foram algumas horas de conversa, risos e, apesar da noite parecer calma, algo ali estava acontecendo; alguma coisa bem maior e mais forte que qualquer encontro casual entre amigos. 

A noite mágica acabou e logo pela manhã as perguntas começaram: Será que vou revê-lo? Será que vou estar novamente com aqueles olhos pacíficos? Na noite anterior estava tudo tão perfeito que não nos preocupamos em trocar número de telefone. Parecia que, por mais que fôssemos dormir em lugares diferentes, estaríamos juntos para sempre. E estávamos certos, mesmo assim você se adiantou ao próximo encontro e iniciou uma fase da nossa vida que eu gostaria de chamar de "mistérios por mensagens".

Você queria dizer que me amava, mas teve medo da rejeição e encontrou a forma mais romântica de, pouco a pouco, me contar isso. Tudo começou com mensagens no celular da minha prima. Neste caso, "tudo" refere-se a fase de mistérios. E então tive acesso às mensagens, às declarações diárias, pouco a pouco conheci suas inseguranças, seus sentimentos. Pouco a pouco fui descobrindo o véu que o cobria, o véu negro da insegurança de entregar sua alma para mim. Na medida em que você se declarava, eu aprendia a lidar com meu sentimento e estava cada vez mais próxima de entender que era amor o que eu sentia por você.  

E assim passou 1 ano. Eu sabia que você me amava e você não sabia o que eu sentia por você, até porque na verdade nem eu sabia. Era forte demais para eu compreender assim tão fácil. Eu estava com 14 anos e você com 19. Éramos tão jovens que tivemos que lidar com muitas coisas novas juntos, muitos sentimentos até então estranhos: saudade, ciúme, dor, solidão e o mais estranho de todos - o amor. 


Quando eu completei 15 anos, numa tarde chuvosa e fria, você me pediu em namoro. Já estava claro para mim que não daria mais para viver sem você. Estávamos em baixo das nossas árvores - lugar que costumávamos nos encontrar todas as tardes de domingo. As gotas de chuva deslizavam suavemente das folhas e atingiam nossas vestes, ainda lembro do cheiro da chuva naquele ambiente e você, molhado e tremendo de frio, pedindo-me para estar ao seu lado. A minha resposta foi um feliz "sim" acompanhado de um beijo quente que nos encheu de vida.

A partir de então, trocamos muitas cartas, cadernos inteiros escritos à mão, verdadeiros diários para compensar os dias que não nos víamos. A saudade era cada dia maior, o desejo de estar perto para fazer novas descobertas, já que esse novo mundo se mostrava para nós tão intensamente cheio de surpresas e experiências para conhecer. 



Vivemos muito. 
Vivemos juntos.

Nossa vida foi construída e regada com muita música e poesia, lembro-me das manhãs na escola de música, nos ensaios da  nossa banda que sempre significou tanto para nós. Também lembro-me das tardes de filosofia: você me ensinando tantas coisas sobre tudo. Sobre o mundo. Fui aprendendo a ser eu... E hoje é engraçado lembrar disso porque agora faz muito sentido o fato de você me conhecer até mais que eu mesma!

E eu te amava cada vez mais: amava sua imagem me esperando na rua escura, amava seu cabelo crescendo a cada dia, amava imensamente seus olhos pacíficos, amava sua falta de jeito ao me entregar um presente de aniversário ou de namoro, amava ouvir sua voz ao telefone em todas as madrugadas, amava sair da escola e voltar para casa ao seu lado, amava simplesmente caminhar e jogar conversa fora, amava aquele aperto de mão que só você sabe fazer, amava as minhas lembanças, amava seu nome e amava muito você. 

E todo esse amor apenas cresceu, hoje temos tantas histórias juntos que jamais eu conseguiria contá-las aqui; mas tenha certeza de que eu lembro de cada momento que passei ao seu lado e cada palavra que já pronunciou para mim está gravada em minha memória. 


Hoje completamos 7 anos juntos. 
E isso é apenas o começo. 

Eu te amo, Alberth Moreira. 


6 de mai. de 2011

Quinta

 Não entendo muitas coisas, principalmente quando essas coisas envolvem outras que a metade das pessoas do mundo também não entendem e a outra metade acha que entende algo, mas na verdade também não sabe de nada. 

 Não entendo, por exemplo, como alguém pode conviver com a morte de alguém que ama. 
Eu não amava o Brunno, não amava o George, não amava meus dois hamsters e nem a mãe deles. Mas todos eles morreram recentemente e dói pensar em todos. Como será quando eu tiver que enfrentar isso tudo de verdade? Não entendo....

Certa vez, disse Clarice Lispector

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."


#Dica Desconexa: Assistam 'O fabuloso destino de Amelie Poulain.'